quinta-feira, 25 de junho de 2015

O escândalo do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais — Carf –, que pode superar 19 bilhões de reais, recebe uma cobertura muito acanhada da imprensa brasileira, apesar de sua magnitude e implicações de toda ordem.

Para velhos jornais, crime de sonegação não é notícia
Por que a mídia dá tão pouco destaque à Operação Zelotes, que flagrou fraudes fiscais de mega-empresas? Que interesses levam editores, em certos casos, a não cobrar Judiciário?

Por Luís Humberto Rocha Carrijo - Outras Palavras - 22/06/2015 

O escândalo do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais — Carf –, que pode superar 19 bilhões de reais, recebe uma cobertura muito acanhada da imprensa brasileira, apesar de sua magnitude e implicações de toda ordem. Dentro do ponto de vista jornalístico, não há nada que justifique um tratamento tão desinteressado e desatento por parte das redações. Ao contrário, os vultosos desvios de recursos da Receita, com a participação de personagens graúdos do PIB nacional (bancos e empresas, boa parte, grandes anunciantes), fundamentam os princípios do que é notícia, pelo menos em veículos que praticam jornalismo em sua mais ampla definição — corajoso e isento, dedicado a informar a população.

Inúmeros fatos novos, que merecem uma investigação jornalística profunda, recebem, ao contrário, coberturas episódicas. A imprensa ignora que há o risco de a investigação não chegar a um resultado efetivo. Em operações de caráter semelhante, essa fase já teria resultado em prisões preventivas, por exemplo. A mídia ignora também a inexplicável morosidade do Poder Judiciário, que não autoriza medidas invasivas, a fim de levantar provas contra a corrupção. Dentro dos critérios puramente jornalísticos e de interesse da sociedade, o que diferem os escândalos de corrupção envolvendo políticos, como a Operação Lava Jato, daqueles que atingem apenas empresas, como a Operação Zelotes?

domingo, 14 de junho de 2015

Carta aberta em solidariedade à travesti Viviany Beleboni, por Dom Orvandil. "Entendeste corretamente o significado da cruz e da que tuas amigas feridas e mortas pelo preconceito e pelo ódio de pessoas como esses ditos pregadores, porque são vítimas do desrespeito aos direitos humanos. O ato de representar a crucificação da homofobia é prova de que és uma defensora dos perseguidos pelos preconceitos que mutilam e matam"

Carta aberta em solidariedade à travesti Viviany Beleboni

Dom Orvandil - Cartas Proféticas - 11/06/2015

Minha querida irmã Viviany Beleboni

Permite-me que me apresente resumidamente. Sou bispo anglo-católico. Transitei longo caminho, empunhando desde a minha juventude a agenda da luta pela justiça social.

Graças à luta nunca tive folga na vida. Também sempre fui vítima de enormes preconceitos e discriminações. Mas enfrentei a tudo de cabeça erguida e aprendi a não me iludir com o ser humano, mas sem perder a esperança nas pessoas, principalmente no povo, constantemente massacrado por enormes exclusões.

Na ditadura militar fui preso e condenado a dois anos e meio de prisão pela malfadada “lei” de segurança nacional, uma excrescência que visava dar segurança para o roubo do nosso País. Um tribunal militar serviu de palco para as maiores barbaridades que ouvi sobre um ser humano e noticiado por uma imprensa mentirosa, covarde e servil, desde sempre.

Fui discriminado por igrejas e por cúpulas por não ser conservador nem neoliberal. Mentiram a meu respeito e até me perseguiram, dizendo o que nunca fui nem nunca fiz.

Na verdade, o que muitos grupos ditos cristãos não suportam é um sacerdote e bispo não ser conivente com a barbárie civilizacional capitalista, regime que herdou todos os preconceitos e requintes de exploração da odiosa escravatura.

Um bispo que se reconhece como membro da classe dominada e com ela luta dói nas almas contaminadas de muitas “autoridades” eclesiásticas e instituições confessionais. Um bispo que reconhece a luta de classes e não se presta a servir de bajulador dos opressores, que pregam todos os dias a falsa paz que engambela o povo, é um escândalo para muitas igrejas hoje.

Durante a ditadura a mídia quase semanalmente me atacava com “fatos” inventados para me indispor social e politicamente. Fui alvo de muito ódio. E ainda o sou.

Este sou eu, resumidamente, querida irmã Viviany.

Outrossim, não concordo que os símbolos culturais e religiosos sejam corrompidos, usados para fins que não os seus nem destruídos, pois isso mata a alma de um povo.

Por essas duas razões solidarizo-me contigo. Conheço o que é ser discriminado. Essa lição ninguém precisa me ensinar. Outra, porque não desrespeitaste Cristo nem a cruz, como desonestamente Marcos Feliciano e outros querem fazer crer.

Esse senhor, que é deputado e pastor bem como seu colega, o delgado João Campos aqui de Goiânia, são notórios mentirosos e inimigos do povo.

São membros da atrasada e perversa bancada evangélica. É em nome dela que João Campos alega que te processará por uso indevido dos símbolos religiosos. Eles se colocam no universo do pior espectro político do País nesse momento.