sexta-feira, 6 de março de 2015

O que se esconde atrás do ódio ao PT? Ódio induzido pela mídia conservadora e por aqueles que na eleição não respeitaram rito democrático

O que se esconde atrás do ódio ao PT (I)?
Leonardo Boff - 07/03/2015

Há um fato espantoso mas analiticamente explicável: o aumento do ódio e da raiva contra o PT. Esse fato vem revelar o outro lado da “cordialidade” do brasileiro, proposta por Sérgio Buarque de Holanda: do mesmo coração que nasce a acolhida calorosa, vem também a rejeição mais violenta. Ambas são “cordiais”: as duas caras passionais do brasileiro.

Esse ódio é induzido pela midia conservadora e por aqueles que na eleição não respeitaram rito democrático: ou se ganha ou se perde. Quem perde reconhece elegantemene a derrota e quem ganha mostra magnanimidade face ao derrotado. Mas não foi esse comportamento civilizado que triunfou. Ao contrário: os derrotados procuram por todos os modos deslegitimar a vitória e garantir uma reviravolta política que atendesse a seu projeto, rejeitado pela maioria dos eleitores.

Imagem: Luiz Muller
Para entender, nada melhor que visitar o notório historiador, José Honório Rodrigues que em seu clássico Conciliação e Reforma no Brasil (1965) diz com palavras que parecem atuais:

”Os liberais no império, derrotados nas urmas e afastados do poder, foram se tornando além de indignados, intolerantes; construíram uma concepção conspiratória da história que considerava indispensável a intervenção do ódio, da intriga, da impiedade, do ressentimento, da intolerância, da intransigência, da indignação para o sucesso inesperado e imprevisto de suas forças minoritárias” (p. 11).

Esses grupos prolongam as velhas elites que da Colônia até hoje nunca mudaram seuethos. Nas palavras do referido autor: “a maioria foi sempre alienada, antinacional e não contemporânea; nunca se reconciliou com o povo; negou seus direitos, arrasou suas vidas e logo que o viu crescer lhe negou, pouco a pouco, a aprovação, conspirou para colocá-lo de novo na periferia, no lugar que continua achando que lhe pertence”(p.14 e 15). Hoje as elites econômicas continuam a abominar o povo. Só o aceitam fantasiado no carnaval. Mas depois tem que voltar ao seu lugar na comunidade periférica (favela).

quarta-feira, 4 de março de 2015

Caiu a máscara do locaute dos caminhões: Movimento Golpista Reforça as Ameaças e Intimidações! "(...) há uma articulação subterrânea, Golpista, formada por grupos de direita descontentes com a perda de poder e com a possibilidade de regulação dos mecanismos de financiamento da mídia, com o combate à corrupção e à sonegação fiscal realizados nos governos de Dilma e Lula"

Caiu a máscara do locaute dos caminhões: Movimento Golpista Reforça as Ameaças e Intimidações! 

Sandro Ari Andrade de Miranda - Sul21 - 04/03/2015 

Charge: Latuff Sul 21
Parece incrível, mas existem pessoas, no Brasil, que não sabem viver num Estado Democrático de Direito e não tem a dimensão da importância das liberdades de opinião e de expressão. Destaco que falo de direitos fundamentais, os quais possuem eficácia concreta e imediata, independentemente de regulamentação legal.

Pois acreditem, logo após a publicação e divulgação de artigo na última sexta-feira, denunciando o caráter Golpista do movimento paredista que caracteriza o Locaute dos Caminhões, e não dos caminhoneiros, o signatário deste artigo recebeu ameaças pessoais.

O fato infeliz ocorreu neste domingo, por meio de uma ligação telefônica anônima de um suposto “caminhoneiro autônomo”, uma pessoa bem falante e bem articulada, porém que se negou a se identificar, e afirmou que o autor deste texto, caso continuasse denunciando o locaute das empresas de caminhões, passaria a ter problemas nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo.

Chama atenção como algumas pessoas tentam separar o Sul do restante do país, numa clara postura xenófoba e racista!

Ora, se alguma mentira foi proferida no artigo da sexta-feira, qual é a razão das ameaças? A resposta é muito simples, há uma articulação subterrânea, Golpista, formada por grupos de direita descontentes com a perda de poder e com a possibilidade de regulação dos mecanismos de financiamento da mídia, com o combate à corrupção e à sonegação fiscal realizados nos governos de Dilma e Lula, e com a garantia de reais direitos a caminhoneiros e de outros profissionais, além, é claro, dos oportunistas de toda a ordem.

Conferir direitos trabalhistas aos caminhoneiros, com a sanção sem vetos da Lei Geral pela Presidenta Dilma, será um duro golpe num dos últimos campos do escravagismo no Brasil, no qual trabalhadores são submetidos a jornadas absurdas para atender demanda de alguns poucos empresários exploradores, eque hoje se utilizam de um movimento farsesco para chantagear a população.

Pois os escândalos da mídia oligopolista começam a fazer água. No caso da operação Lava-jato borbulham, com toda a força, nomes de caciques do PSDB e de outros partidos de direita. No escândalo do HSBC, que resultará numa CPI na Câmara dos Deputados, que é incrivelmente ignorado pela mídia, surgirão vários nomes de barões do capital, de sonegadores que estão sendo investigados em todo o planeta por lavagem de dinheiro. As Operações Satiagraha e Castelos de Areia já estão em apreciação no STF, o que poderá resultar numa limpeza no legado de corrupção na venda de estatais pelo Governo FHC. Além disso, nem mesmo as “vistas processuais” intermináveis do Ministro Gilmar Ferreira Mendes poderão evitar a derrota do poder econômico na ADI que pede a declaração de inconstitucionalidade dos financiamentos de campanhas por empresas no STF.

Assim, peço vênia aos golpistas para desconsiderar as suas ameaças. Já participei de várias lutas em prol do fortalecimento da Democracia, na oposição do privatismo de FHC e Cia, e nunca, absolutamente nunca, aceitei que fosse utilizado qualquer tipo de intimidação contra terceiros, como ligações telefônicas anônimas ou outras formas de violência.

Quem se utiliza deste tipo de estratégia é um criminoso comum, alguém que não tem coragem de defender as suas ideias na esfera pública, e não um agente legítimo de qualquer causa política, e precisa das sombras do anonimato para mostrar poder, assim como faziam os nazistas, os fascistas e os torturadores da ditadura.

Não haverá Globo, RBS, Folha de São Paulo, ou qualquer outro tipo de mídia golpista para silenciar as vozes dos milhões de militantes que lutaram para eleger Lula, Dilma e o PT para a Presidência da República, e para construir o maior processo de geração de empregos e transferências de renda da história desse país.

Não há infelicidades do palavrório economicista do Ministro Levy, nem pressão do mercado financeiro para derrubar a defesa de uma Petrobrás Pública, de uma ação efetiva do estado na geração de emprego e de renda, no combate à sonegação e ao trabalho escravo, e na defesa de direitos fundamentais.

O Brasil mudou desde 2003, e não há mais espaços para a pregação de Golpe de Estado, nem para movimentos que tentam derrubar a Presidenta Democraticamente Eleita por meio de matérias jornalísticas com conteúdo tão verdadeiro como uma nota de sete reais.

Se “Lula venceu o medo”, e “Dilma venceu a mentira”, o “Povo Brasileiro Vencerá o Golpismo”.

No dia 13 de março de 2015, a grande militância de esquerda, os nacionalistas, os verdadeiros democratas, e todos os que acreditam que os movimentos políticos devem ser realizados sem violência, “vão passar como um rolo compressor sobre os anseios daqueles que não aceitaram a derrota eleitoral de outubro”!

Não podemos aceitar ameaças e intimidações! As verdades da história e da luta democrática estão conosco! Portanto, vamos defendê-las!


Sandro Ari Andrade de Miranda, advogado, mestre em ciências sociais.

segunda-feira, 2 de março de 2015

O ajuste fiscal e a esquizofrenia esquerdista. O esquerdismo, incluindo setores do PT, vem se posicionando contra as medidas de ajuste fiscal. A única tábua de salvação que o governo tem é a recuperação da economia. Para que a economia se recupere é preciso restabelecer a confiança. O ajuste fiscal pode ser um meio para ajudar a restabelecê-la.

O ajuste fiscal e a esquizofrenia esquerdista, por Aldo Fornazieri

Aldo Fornazieri - Jornal GGN - Luiz Nassif Online - 02/03/2015

O indefectível Maquiavel advertia que muitas vezes um governante, pensando em estar fazendo o bem está fazendo o mal. Em outras vezes, é preciso fazer o que o senso comum considera que é o “mal” para fazer o bem. Ou seja, a piedade pode ser cruel e a crueldade pode ser piedosa. Em se tratado dos problemas fiscais dos Estados, invariavelmente, as visões esquerdistas não conseguem compreender esse paradoxo e propendem a defender ou fazer o mal ao invés de manter a saúde fiscal do poder público – condição necessária para o exercício do bom governo, entendido como governo que prioriza o interesse público comum.



É certo que nem só a esquerda (ou aquilo que é considerado como tal) é responsável pela irresponsabilidade fiscal. A crise europeia recente mostra que partidos socialdemocratas e liberais-conservadores também são useiros em promover desequilíbrios e depois tentar corrigi-los com violentas políticas de austeridade jogadas nos ombros dos trabalhadores e do funcionalismo público. A irresponsabilidade fiscal faz com que determinados Estados e sociedade vivam acima de suas condições durante determinado período. Mas no final da festa, alguém sempre tem que pagar a conta. Os mais ricos mostram-se os mais avaros nesse momento.

No primeiro mandato do governo Dilma foram feitas algumas “bondades” que agora vêm se revelando cruéis: desonerações fiscais, incentivos e vultosas concessões de empréstimos a juros subsidiados com dinheiro público via BNDES. Essa “brincadeira” toda custou caro, como disse Joaquim Levy. O resultado fiscal de 2014 foi R$ 100 bilhões inferior ao prometido. Outras torneiras. desnecessária e ineficientemente abertas do gasto público. também contribuíram para o agravamento da situação fiscal do país. As desonerações e os incentivos não resultaram em mais investimentos por parte dos setores beneficiados e, consequentemente, não geraram novos empregos. As “bondades” do BNDE$S alavancaram os Eike Batistas da vida ou a Friboi, que doou o equivalente a 10% dos empréstimos a juros subsidiados para campanhas eleitorais. Desonerações e subsídios geralmente são feitos sem critérios e resultam em injustiça, pois determinados setores são beneficiados sem que outros o sejam. Setores que, normalmente, são amigos do rei.

O Perigo da Esquizofrenia